Cartas a Um Jovem Poeta





 
Titulo: Cartas a Um Jovem Poeta
Autor: Rainer Maria Rilke
Páginas: 91
Ano: 2014
Editora: L&PM Pocket Plus
Traduzido por: Pedro Süssekind
Resenha escrita por: Taiane Souza
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O que faria se em uma tarde normal, um professor tomasse o livro que lê de suas mãos e após avaliá-lo diz que o antigo aluno agora é, então, um poeta pelo qual você tem admiração? Pois foi o que aconteceu com Kappus, que passou a trocar cartas com Rilke e depois selecionou as melhores para montar este livro excepcional.

“O senhor experimentará a grande felicidade de ler esse livro pela primeira vez, passando por suas incontáveis surpresas como em um sonho renovado. Mas posso lhe dizer que, mesmo depois, o leitor volta sempre a percorrer esses livros com espanto, e que eles não perdem nada do seu poder fantástico, persiste seu caráter fabuloso, com o qual cumularam quem os leu pela primeira vez.”

Este é um trecho em que ele descreve outros livros, porém é o trecho que eu encontro a melhor forma de descrevê-lo, pois já perdi a conta de quantas vezes já li este livro ou apenas cartas separadas, porque a cada vez que leio, encontro nele algo que não tinha refletido antes e isto torna a leitura sempre mais impressionante.
O Cartas a um jovem poeta é uma junção de várias cartas que Rilke responde a um aspirante a poeta que não achava em seus versos algo que realmente agradasse a ele próprio. E não se trata apenas de dicas de poeta para poeta, através das cartas, eles tornaram-se amigos e tudo quanto fosse capaz de dizer para ajudar, era dito. E isso é uma das coisas que mais gosto. A paciência que Rilke teve em incentivar, aconselhar e edificar o jovem que lhe escrevia. O mais legal do livro, é que as cartas podem ser lidas fora da ordem que ainda assim, será possível entender cada coisa lá escrita. Por várias vezes permiti-me abrir o livro em uma carta qualquer para apreciá-lo. Estou a mais de um mês apenas com ele, apesar de ser uma leitura que pode ser feita em duas horas.

“As coisa em geral não são tão fáceis e apreender e dizer como normalmente nos querem levar a acreditar; a maioria dos acontecimentos é indizível, realiza-se em um espaço que nunca uma palavra penetrou, e mais indizíveis que todos os acontecimentos são as obras de arte, existências misteriosas, cuja vida perdura ao lado da nossa, que passa.”

Este trecho me encanta e eu penso que este livro é uma das obras mais indizíveis, pois ele fala por si próprio, e só quem o leu sabe o valor que ele tem.

“…pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa de sua madrugada: preciso escrever? Desenterre de si mesmo uma resposta profunda. E, se ela for afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa pergunta grave com um forte e simples “Preciso”, então construa a sua vida de acordo com tal necessidade; sua vida tem de se tornar, até na hora mais indiferente e irrelevante, um sinal e um testemunho desse impulso. Então se aproxime da natureza. Procure, como primeiro homem, dizer o que vê e vivencia e ama e perde. […] Caso seu cotidiano lhe parece pobre, não reclame dele, reclame de si mesmo, diga para si mesmo que não é poeta o bastante para evocar suas riquezas; pois para o criador não há nenhuma pobreza e nenhuma ambiente pobre, insignificante. […] E se, desse ato de se voltar para dentro de si, aprofundamento em seu próprio mundo, resultarem versos, o senhor não pensará em perguntar a alguém se são bons versos. Também não tentará despertar o interesse de revistas por tais trabalhos, pois verá neles seu querido patrimônio natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando surge de uma necessidade. É no modo como ela se origina que se encontra seu valor, não há nenhum outro critério.”

Estes trechos são os que acredito ser a maior dica para um escritor, não necessariamente um poeta, mas a todos aqueles que escrevem e não conseguem perceber se fazem isto porque querem, amam ou só por qualquer outro motivo alheio. Mas vejo também que qualquer artista, seja um pintor, um ator, um fotografo.. deveria perguntar a si mesmo se vive pela arte ou se é a arte que vive por ele.

“Se o senhor se ativer a natureza, ao que há de mais simples nela, as pequenas coisas que quase não vemos e que de maneira imprevista, podem se tornar grandes e incomensuráveis; se o senhor tiver esse amor pelo ínfimo e procurar com toda simplicidade conquistar como um servidor a confiança de que parece pobre – então tudo se tornará mais fácil, pleno e de algum modo reconciliador para o senhor, talvez não no campo do entendimento, que fica para trás, espantando, mas em sua consciência mais íntima, no campo de vigília e de saber.”

Poderia até dizer que esta é uma da partes mais belas, mas o livro é praticamente todo assim e não dá para ficar escolhendo, eu simplesmente abri e coloquei uma das marcações rs.
Esse livro foi indicado por um amigo muito especial que conheci via Manoel ou Manoel via seu blog, como ele mesmo descreveu.
E é realmente muito bom, eu já reli este livro inúmeras vezes e nunca canso de lê-lo mais uma vez.

Fiz um vídeo também contando mais de como me senti ao ler o livro. Espero que tenham gostado e até logo. :*

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